PEQUENOS ADULTOS

Confesso que fico impressionada com minha filha que acabou de fazer cinco anos, ela ainda não sabe escrever e ler, mas conhece as letras e consegue guardar na memória as palavras ou frases que ela precisa escrever no computador para encontrar Discovery Kids e seus vídeos da turma da Monica, vídeos de músicas infantis e joguinhos que ela gosta de fazer bolos e trocar roupas de bonecas.

Sim, ela é muito esperta, quando eu a deixo ficar no computador ela que liga, desliga e mexe e remexe em tudo que ela gosta, só pede ajuda quando a palavra que ela colocou não foi o suficiente para localizar o que ela procura. Mas claro que eu estou por ali sempre de olho no que ela está fazendo.

No meu tempo, só via computador pela TV e o máximo que fazia era trocar a antena de UHF para VHF, acho que era isso, pra conseguir a assistir a MTV. E meu pai ficava louco porque dizia que ia estragar a TV. Videogame? Isso nunca ele ia deixar ligar, porque ai sim ia destruir a TV que era a única em nossa casa.

Então como podem ver nunca fui muito moderninha, acho que foi porque nunca tive acesso a essa modernidade da época que nem se compara com a de hoje.

Mas em fim, o que realmente quero compartilhar é como as crianças são diferentes. Falam coisas e fazem coisas de que realmente tem conhecimento, mas uma coisa simples como brincar na rua, poucas sabem o que é isso.

Confesso que não tenho muita paciência, mas a ensinei a pular amarelinha, cantar musicas da minha infância. E mesmo quando não estou em casa peço para não a deixarem no computador ou na TV direto. Peço para a mandarem ir brincar no quintal, pintar, brincar de boneca e coisas assim.

Mas o que morro de medo é de ela crescer muito mais rápido do que deveria e ter conhecimento de coisas que não é ainda pra sua idade. E perder a essência e inocência de criança.

Só sei que como pais, não podemos simplesmente achar que tudo é muito normal, que é a modernidade que não podemos frear. Não podemos esquecer-nos dos valores que nossos pais e avós nos ensinaram.

Não podemos trocar um jantar em família sentado à mesa, por um individualismo que destrói relacionamentos familiares, que cada um come em horários diferente assistindo a TV. Ou deixar de ter momentos de conversar e contar coisas da nossa infância e familiar, porque isso é que os faz conhecer nossa história.

Sabe o que parece? Que hoje em dia eles não brincam como antes, fingindo ser adulto como eu fazia, mas brincam fingindo ser criança.